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Três Lagoas

Trêslagoense é o melhor berranteiro do país

?Neguinho Berranteiro? elevou Três Lagoas em Barretos (SP)

Edvaldo Castro Guimarães, mais conhecido como “Neguinho Berranteiro” elevou Três Lagoas em Barretos (SP). Na capital nacional do Rodeio, Edvaldo conquistou o primeiro lugar no Concurso de Berranteiros, que elegeu o melhor tocador de berrante do país.

“Neguinho” teve o primeiro contato com o berrante aos 10 anos de idade, desde então se apaixonou para o instrumento. “Desde o início quis aprender a tocar. Em 1982 fui trabalhar numa fazenda aqui em Três Lagoas, morando com um senhor de tropa que me ensinou a tocar”, relatou Edvaldo.

Sua primeira competição como berranteiro aconteceu em 1992 no Três Lagoas Clube (TLC) onde ganhou a primeira calça de couro da vida.

O berranteiro trêslagoense explicou que o berrante não é somente uma meio de comunicação para tocar boiada, mas também para os peões se comunicarem entre si. “Nas viagens de tropa, quando chega a hora de todos acordarem para seguirem viagem, damos um toque que chamamos de clarim, como aqueles dados em quartéis, para despertar os peões e a boiada. Para começarmos a tocar a boiada damos um toque chamado baixão. Há também o toque do horário de almoço, o de respeito quando passamos frente a um cruzeiro, uma igreja ou num local onde morreu algum amigo nosso”, explicou.

Edvaldo já gravou até um CD e já prepara seu segundo álbum. O primeiro álbum chama-se “Capital do Berrante”.

HISTÓRIA DO BERRANTE

Os berrantes surgiram há mais de três séculos, época em que o próprio tropeirismo dava seus primeiros passos e talvez seja por isso mesmo que é tão difícil desassociar uma coisa a outra. Ao nascer, o berrante tinha uma primeira função: ajudar os tropeiros a agrupar os animais. Os primeiros berrantes eram feitos do chifre do boi pedreiro – antiga raça surgida em meados de 1910 cujos chifres podiam chegar até 1,50m de comprimentos – mediam mais de um metro, eram fundamentais no transporte de boiadas de até 85 marchas e seu som era bastante grave.

Em seguida surgiram os berrantes com anéis de prata, suas bocas mediam até 40centímetros e eram utilizados para chamar vacas e bois para dar sal ou fazer transporte ou, ainda, quando a bóiada estava pronta.O som de um berrante, no silêncio do sertão, pode ser ouvido a 3km de distância.

O bom berranteiro consegue o som certo, algo que se assemelha a um longo pluuummmm, quando o som é de um longo Fuuufuuu é sinal de que o instrumento está sendo mal tocado. Se fosse criado um glossário dos tropeiros, estradões seriam definidas como viagens, dias como marchas e o berranteiro seria conhecido como porteiro. De acordo com a região do Brasil, berrantes podem ser chamados de: binga, guampo, buzina ou berrante. O berranteiro nunca o carrega pendurado, trata o instrumento com azeite de mamona, jamais coloca bebidas alcoólicas e o mantém sempre limpo.