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Três Lagoas

?Tudo que dá certo, tem que ser copiado?

Edílson Tavares da Silva, ?Dicão? ? Professor Basquete SEJUVEL/FUNLEC

Edílson Tavares da Silva, o “Dicão”, é técnico de basquete da SEJUVEL (Secreteria de Juventude, Esporte e Lazer) e da escola FUNLEC (Fundação Lowtons de Educação e Cultura  – Colégio Hermesindo Alonso Gonzalez). Formado em Educação Física há 33 anos pela ESEFA (Escola Superior de Educação Física de Andradina) e pós-graduado na FIPAR (Faculdades Integradas de Paranaíba) está há 19 anos trabalhando e se dedicando ao basquete. Nascido e criado em Três Lagoas, “Dicão”, passou dois anos no Mato Grosso (em 2001 e 2002), exerce o papel de treinador da SEJUVEL desde 1995 e da FUNLEC desde 2004. Ele trabalha às segundas, quartas e sextas no Ginásio Municipal Cacilda Acre Rocha e as terças e quintas na FUNLEC e quase todos os finais de semana viaja com as meninas para jogos. São alunas de “Dicão” meninas de 13 a 19 anos e adultas também. Sempre junto da filha, Manuela Gobi Tavares de seis anos e já atleta da modalidade, o técnico falou sobre o esporte na cidade e no Brasil, elogiou a nova liga brasileira e deu dicas para melhorar o basquete e os próprios cidadãos.

Jornal do Povo – Como e quando surgiu o gosto pelo basquete?

Edílson Tavares da Silva, “Dicão” – Foi na minha adolescência, no colégio Fernando Corrêa com a professora Neli Sacarance e o professor Milanês que criei esse gosto. Comecei a treinar, jogava pelo time da cidade e fui crescendo, crescendo, aumentei esse gosto. Fui fazer a faculdade e trabalho anualmente fazendo uma coisa que eu amo.

JP – Como você avalia o basquete hoje em Três Lagoas?

ETS – É um basquetebol de ponta a nível de Estado. Todo ano colocamos atletas em seleções do Estado. Os técnicos hoje, eu e o professor Mauro do basquete masculino, somos sempre chamados para fazer parte da comissão técnica do Estado. Então estamos em um nível de ponta.

JP – Falando em basquete masculino, a seleção brasileira vem tendo problemas há alguns anos. Nas últimas três Olimpíadas, não conseguimos a clsssificação. Qual seu diagnóstico para essa situação?

ETS – Ano passado eu participei dos jogos brasileiros, em Porto Alegre. Na fase final, categoria sub-15, lá estava o Grego (Gerasime Nicolas Bozikis, o “Grego”, ex-presidente da Confederação Brasileira de Basquete). Agora teve a eleição, o Grego saiu e o Carlos Nunes (Presidente da Federação Gaúcha) tomou posse na CBB (Confederação Brasileira de Basquete). Sempre quando tem mudanças nesse cargo há uma melhoria para a modalidade. O Grego já fazia 12 anos que estava a frente da CBB. Essa mudança favoreceu muito o basquetebol, porque agora estamos na mídia de novo, voltamos a “fazer parte” da Globo. O Novo Basquete Brasil (novo campeonato brasileiro de basquete) está sendo divulgado e, por isso, já começando a melhorar.

JP – No Novo Basquete Brasileiro, os times têm mais autonomia, não estão mais presos como antigamente. Quais benefícios isso já trouxe e ainda pode trazer para o basquete nacional?

ETS – Trouxe a independência dos clubes. Hoje os clubes são desvinculados da CBB. Esse NBB é uma liga independente, mas com o apoio da CBB. A CBB dá o apoio, dá a estrutura, a parte financeira e os clubes dessa liga se juntam e formam o basquete nacional. O esporte tem tudo a ganhar com essa liga. Ela é tipo a NBA (Liga de Basquete Norte-americana), eles estão copiando os Estados Unidos. Tudo que dá certo a gente tem que copiar. Eu acho que estamos no caminho certo.

JP – Falando em NBA, os jogadores brasileiros que vão jogar lá não acabam deixando a Seleção Brasileira de lado, se achando superior?

ETS – Eu não concordo. A briga era toda com o Grego, o ex-presidente da Confederação, por falta de pagamento. Ele não pagava os jogadores no período em que eles estavam servindo a Seleção Brasileira, o que acontece no futebol por exemplo. É uma coisa que tinha que acontecer no basquete. Era muita divergência com o Grego. À partir de agora, com a nova direção, eu acho que nas próximas Olimpíadas estaremos lá com certeza, com esse NBB com certeza.

JP – Passando para o basquete feminino. Qual sua avaliação da categoria nesse momento?

ETS – O basquete feminino hoje está menos alicerçado do que o basquete masculino. Só que com a subida do basquete masculino, automaticamente o feminino vai caminhar junto e a tendência é melhorar também.

JP – Que tipo de trabalho pode ser feito para melhorar o basquete feminino?

ETS – Copiar. Tem que copiar. Tudo que dá certo, tem que ser copiado. O feminino tem que montar uma liga independente também.

JP – Em relação ao basquete de Três Lagoas, como foram os últimos campeonatos e como está a preparação para os próximos?

ETS – Nós agora nesse último feriado, fomos Campeões Estaduais Federados e que fez com que cinco meninas fossem convocadas para a Seleção do Estado. Inclusive elas já treinaram nesse fim de semana em Campo Grande e depois na segunda quinzena de julho tem o Campeonato Brasileiro em Goiânia. Terá também a categoria Infanto Juvenil, em Campo Grande, o campeonato que será seletiva para o Brasileiro. Nossa equipe é muito forte. É a equipe que foi campeã ano passado, que há dois anos atrás foi Campeã Brasileira dos Jogos Escolares em Poços de Caldas (MG) e que foi a base da equipe do ano passado que foi campeã em Porto Velho (RO) da fase regional, ganharam a Centro-Oeste e foram para a fase final em Porto Alegre (RS) e lá ficaram entre as oito melhores colocadas.

JP – Como é trabalhar com as meninas?

ETS – É ótimo, muito gratificante. Tenho um grupo muito bom na mão. Um grupo que perdeu duas partidas em três anos aqui dentro do Estado. Um grupo muito compacto e muito legal de trabalhar.

JP – Se alguma garota quiser treinar, o que ela tem que fazer? Com quem ela tem que falar?

ETS – É só nos procurar no Ginásio de Esportes Municipal ou na FUNLEC. De preferência no ginásio, porque a gente monta a ficha dela, pegamos o endereço e demais dados. É tudo gratuito, quanto mais gente tiver, melhor. Temos que fomentar o esporte. Quanto mais gente tiver, mais atletas de talento vão surgir. Não precisa ser alta. Não existe aquele mito de que tem que ser alta para jogar basquete. Não importa classe social, vamos jogar. Praticar esporte é a melhor coisa.

JP – Na sua opinião, qual a importância do esporte na vida das pessoas?

ETS – O esporte é uma coisa que o cidadão tem que levar para o resto da vida. Tanto na fase escolar como na adulta. Uma caminhada na lagoa. Só que eu prezo muito a parte de estudo, tanto que eu tenho uma parceria com o colégio FUNLEC. Meninas que não tem notas boas, ficam de sobreaviso, sem treinar até recuperar a nota. Recuperou a nota, volta ao grupo das atletas. Não recuperou a nota, fica de fora.

JP – O que você espera para o futuro do basquete em geral?

ETS – Espero que o basquete seja de ponta. Nunca vai chegar ao nível do futebol, mas que seja o segundo ou terceiro esporte no Brasil em praticantes, em desenvolvimento, enfim, em tudo.

JP – Para encerrar, para chegar a esse nível em que o senhor se refere, qual a posição dos políticos, do governo? O que tem que ser feito para acontecer isso?

ETS – Uma massificação. Hoje nós perdemos nos colégios uma parceria que era importante. Porque o esporte, enfim, tudo começa lá na escola e hoje estão tirando turma de treinamento de colégios. Tem que voltar os treinamentos nas escolas municipais, estaduais e federais. Talvez até existam colégios que tenham. Mas tem que fazer bem organizado e bem colocado.