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Aos 40, Laura.

Como ser mãe e empreendedora, conciliando o desejo de conhecer lugares e culturas, numa fase da vida cheia de ideias e aventuras? Laura Falco responde.

Determinada. É assim que Laura Falco – fisioterapeuta por formação e administradora de negócios por vocação – se sente depois de completar 40 anos. Mãe de dois filhos, dona de um negócio que tem a metade de sua idade, herdeira de dois hotéis e de vários outros negócios da família em Três Lagoas, e enfrentando o desafio de morar na capital paulista, ela se diz feliz, cheia de ideias, mas sem pressa para tomar novas decisões.

Nos planos estão viagens pelo mundo e projetos de investimento em fase de amadurecimento, embora ainda sem local, tempo nem área definidos. “Sem pressa”, frisa. “Na minha vida tudo foi muito precoce; trabalhei muito nova, casei cedo, tive minha filha cedo… Agora estou numa fase em que estou me descobrindo, e isso é de dentro pra fora, sem pressa nenhuma”, resume.

Filha de uma das mais tradicionais famílias da cidade, a irmã mais velha e a primeira a seguir uma linha diferente da dos negócios do pai Getúlio Falco, ela apoia a formação da filha Giovanna em uma faculdade de Administração de Empresas e encaminha o caçula Ângelo Filho, de 15 anos, no Ensino Médio, agora em São Paulo. “Ainda não tenho ideia do que vou fazer como profissional ou como empreendedora, em São Paulo, mas, vontade de realizar tenho bastante”, relata.

“Minha família queria mesmo que eu ficasse em Três Lagoas para administrar os negócios. Mas, acho que é hora de buscar algo novo, e ao mesmo tempo, apoiar meus filhos. Quem sabe, no futuro, possa me associar aos meus irmãos em outros negócios. Uma pousada numa praia, por exemplo… Lá na frente”, projeta, seguindo o mesmo ideal de quando iniciou um negócio próprio.

Num intervalo de reflexão, fala do pai Getúlio Falco. “Ele é meu ídolo. Um homem de caráter, capacidade e equilíbrio incríveis. Sem formação superior nenhuma, ele alcançou grandes conquistas, possuiu as fazendas e os hotéis como um grande empreendedor. Me inspiro muito em meu pai e, é claro, em minha mãe Cidinha, que sempre foi um alicerce de nossa família. Eles são tudo para mim e meus irmãos”.

Decidida, Laura diz que abriu mão temporariamente de prosseguir com os negócios familiares. “Em São Paulo estou tendo mais tempo para acompanhar meus filhos, e isso, para mim, é fundamental neste momento. No futuro, quem sabe, posso voltar para cuidar dos negócios em Três Lagoas”.

Laura tem raízes próprias como empreendedora. Ela é dona de uma clínica que reúne diversos profissionais das áreas de beleza e estética, com parte sob seu comando e parte dedicada a terceiros. Ao menos uma semana a cada mês ela ocupa a confortável cadeira de sua mesa de trabalho para administração da empresa. O entra e sai de funcionários e clientes das profissionais de sua clínica só é interrompido com a chegada da reportagem. E dura pouco. O dia parece curto e o trabalho se arrasta para o início da noite, invariavelmente. Ela quer saber de tudo e é detalhista – ingredientes de uma receita de investimento e resiliência que deu certo.

Essa força de tomar iniciativas e seguir em frente já é uma das características transferidas de Laura para a filha Giovanna. “Ela quer seguir sozinha após concluir a faculdade e ‘andar com as próprias pernas’, embora seja uma herdeira dos negócios da família, em Três Lagoas. Ela é determinada como eu”, disse. E acrescentou: depois de formada, não pretende retornar imediatamente.

“Gosto muito daqui, da minha empresa, da cidade. Tenho muitos amigos e a relação familiar é forte. Mas, sinto que preciso buscar novos ares. Encontrar tempo mais pra mim, pra viajar, conhecer lugares e pessoas. Quem sabe um choque cultural esteja por vir”, diz.

Como uma quantidade incontável de pessoas, Laura também sente a falta de atratividade cultural em Três Lagoas pela ausência de um teatro, cinema – até mesmo de uma boa escola de dança, um prazer que não abre mão – e de manifestações artísticas que possam ser transformadas em oportunidades de encontro de amigos, famílias e de fazer novas amizades. Por isso, também coloca o olhar para fora do país, planejando novas viagens.

Este, inclusive, é outro de seus prazeres. “Meu hobby favorito é viajar. Quero conhecer mais lugares, culturas, hábitos e tudo mais que possa me enriquecer culturalmente. Meu outro prazer é apreciar um bom vinho, embora não tenha grande conhecimento a respeito”.

Sobre viagens que já fez para mais de uma dúzia de países, Laura relata que teve a companhia da irmã Lygia e a mãe. Em outras, foi acompanhada dos filhos. “Minhas melhores viagens foram com eles. Viagens sensacionais, inesquecíveis”.

Ao mesmo tempo, ela ocupa boa parte do dia para acompanhar os estudos dos filhos. Giovanna, inclusive, está a um ano e meio de botar as mãos no diploma pela Fundação Getulio Vargas – uma das mais respeitadas do mundo.

Como são os filhos

Giovanna é, segundo relato de Laura, uma “menina decidida”. Tanto que foi morar sozinha em São Paulo, fez intercâmbio por quatro meses em Londres, e logo irá enfrentar o mercado de trabalho. “Pude aprender muito, numa experiência bem rica para poder crescer, apesar da saudade da família e dos amigos”, acrescenta.

A área escolhida por ela é exatamente a que Laura diz, hoje, que seria sua preferida para se diplomar. “Me descobri como administradora de empresas. Gosto de trabalhar com administração de negócios, saber como e em quê se deve investir e fazer gestão de pessoas. Nunca me vi atuando na área em que me formei (Fisioterapia). Já, como administradora, descobri exatamente do que gosto, utilizando os conhecimentos que adquiri com minha formação acadêmica”.

A filha é apaixonada por música. Tanto que toca violão desde os 10 anos. “Hoje toco um pouco menos por causa dos estudos na faculdade, que é de tempo integral. A música é uma espécie de rotina e de fuga da rotina”, conta Giovanna.

Sobre a mãe, Giovanna diz que “ela é muito jovem”, sempre atenta ao que há de melhor para os filhos e sempre disposta a melhorar as relações com a família. “Ela é incrível. Se eu pudesse desenhar uma mãe perfeita, seria ela”, ressalta.

Ângelo, disse Laura, ainda ressente a mudança da cidade, mas foi dele o “sim” que ela esperava para poder enfrentar a “cidade grande”. Lá, ingressou numa renomada instituição de ensino e está em fase de adaptação aos estudos e de fazer amizades. “Tenho acompanhado meu filho na escola, em aulas particulares, e em praticamente tudo nesta fase de adaptação em São Paulo. Mas, tenho certeza de que ele vai se adaptar, gostar da capital paulista e se formar numa grande instituição de ensino. É isso que procuro para meus dois filhos: dar a eles uma boa formação e encontrar um caminho para trabalhar, desenvolver-se”, diz.

“Eu tinha a intenção de mudar de Três Lagoas, exatamente para São Paulo, por causa da Giovanna. E queria muito que o Ângelo Filho concordasse em se mudar para que ele desfrutasse de um estudo de melhor qualidade. Conversamos. Mostrei a ele as vantagens de estudar fora de Três Lagoas e de conhecer um pouco mais de um grande centro. Consegui alugar minha casa com todos os móveis e encontrei um bom apartamento em São Paulo. A mudança foi muito rápida. Deu tudo certo”, revela.

“Por meus filhos eu ainda faria e farei muito mais, se for preciso. Eles são pessoas maravilhosas, seres humanos de verdade, que me enchem de orgulho a cada ato, cada palavra. São parte de mim. Me sinto abençoada por eles, graças a Deus”, finaliza.

 

O que vem por aí

No radar da empresária três-lagoense estão um bom curso de inglês, outro de sommelier (profissional especialista em vinhos) para aprimorar o gosto pela bebida, além de aulas de dança, entre a busca por conhecimento de outras áreas. Tudo sem nunca se esquecer da ampliação do leque de relacionamentos.

“Gosto muito de fazer amizades e prezo muito por elas. Gosto de estar com pessoas ‘leves’, inteligentes, que tenham bom-humor, que me façam rir. Isso é muito importante, assim como manter as amizades que valham a pena, de pessoas que se solidificam em nossa vida. É o tempo que vai mostrando quem são as pessoas. Então, essas amizades verdadeiras, que são poucas, faço tudo para valorizar. Da mesma forma, vou me cuidar sempre, e claro, cuidar da minha família e dos meus filhos”.

E não só em relacionamentos que Laura tem sido seletiva. “Estou mais cuidadosa com a alimentação, com os lugares que vou, o que leio, o que falo, com as pessoas com quem convivo. Enfim, as coisas que não têm valores, estou deixando de lado”.

“Pra mim, uma das coisas mais importantes a serem usadas no dia a dia é o ‘por favor’ e ‘muito obrigada’. É o mínimo necessário pra mim do respeito e educação. E graças a Deus, meus filhos aprenderam muito bem. Tenho orgulho disso.”

Na cabeceira, é constante a presença de livros que têm essa métrica, como os do psiquiatra, professor e escritor Augusto Cury. “Não há céu sem tempestades, nem caminhos sem acidentes. Não tenha medo da vida, tenha medo de não vivê-la intensamente” (do livro “O código da Inteligência”, ED. Sextante, 2008). “Onde ele diz ‘não tenha’, eu afirmo: não tenho”, diz.

Nos negócios, Laura aplica o princípio da justiça e da honestidade com as outras pessoas. “Sempre me esforço em dar o melhor de mim, sendo o mais justa possível, me colocando no lugar das pessoas, com empatia, sendo o mais justa que consigo ser. Eu tenho aprendido a cada dia como isso é importante”, finaliza.