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Viagem De Sabores

Hi-hi a versão indígena para a pamonha

Hi-hi significa “bolo de mandioca”, e é tradicionalmente servido a qualquer momento

Imagine um invólucro feito a partir das folhas da bananeira, cozido em água, e dentro desse pacotinho: mandioca ralada. Pois este é o bolo dos índios terena, registrado nos estudos da saudosa pesquisadora da alimentação Iracema Sampaio e popularizado por festivais mundo afora por nossa chef terena Kalymaracaya.

Hi-hi significa “bolo de mandioca”, e, tradicionalmente, é servido a qualquer momento, tanto no café da manhã como nas grandes festas. O que muda são os acompanhamentos -geralmente carnes de caça, peixes ou outras carnes mais temperadas. Outro acompanhamento comum é o mel de abelhas nativas.

Embora seja feito apenas de mandioca, sem qualquer tempero, seu preparo requer atenção aos detalhes. A mandioca é ralada depois de ter só a primeira casca retirada. A farinha resultante tem que ser bem escorrida – na verdade, “torcida” –, para que fique bem sequinha.

As folhas de banana também devem ser passadas no fogo, sem queimar, para que amoleçam e não quebrem na hora de dobrar, já que o bolo é enrolado nelas. O hi-hi é colocado em água fervendo (na altura apenas suficiente para cobrir) por duas vezes, até secar. Pronto, este é o hi-hi, que embora feito de mandioca se assemelha as pamonhas de milho, tão populares pelos interiores do nosso país.

E se formos pensar em culturas vizinhas paraguaios e bolivianos, além de outros povos da América do Sul, chamam de humitas iguarias muito parecidas. Já no México os tamales, feitos de recheios variados entre salgados e doces, nascem a partir da farinha de milho nixtamalizado, onde utiliza-se um meio alcalino para a cocção dos grãos de milho maduro. Mas esta é outra história.

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